Mais cor e criação

De diversos tamanhos, texturas, cores e gramaturas, papéis especiais são produtos queridos entre artistas profissionais e amadores

Colorir, desenhar, aquarelar, dobrar… Quantas possibilidades cabem em um papel? Basta a imaginação se juntar à ele para nascer uma arte. Profissionais ou amadores, repletos de técnicas ou produzidos apenas por lazer, os trabalhos manuais vêm ganhando cada vez mais adeptos. Mas você sabia que existem inúmeros tipos de papéis no mercado? Vamos destacar alguns tipos procurados por praticantes de diversas atividades, como aquarela, lettering, desenhos, entre outras, e têm tido saída significativa no segmento.

Papéis especiais do Brasil há mais de 130 anos

Inaugurada em 1888, a Fedrigoni Brasil Papéis, primeira fábrica de papel do país e da América Latina, oferece grande diversidade de papéis especiais e coloridos e é uma grande opção no mercado. Foi na década de 1970 que a empresa lançou a Colorplus, marca pioneira no mercado brasileiro de papéis coloridos direto na massa. Sua história acumula mais de 135 mil toneladas de produtos comercializados em toda a América Latina. De acordo com Danielle Mello, gerente de produto e marketing da Fedrigoni, os papéis da linha Colorplus possuem acabamento especial e diferentes texturas, gramaturas e cores. Há opções não revestidas ou com revestimentos especiais e com marcas d’água.

Segundo ela, os papéis coloridos, por exemplo, podem ser usados em diferentes segmentos, como: gráfica promocional, para a elaboração de cartão de visitas, cardápios, planners, posters, papelaria corporativa, entre outros produtos; gráfica editorial, na produção de livros, revistas, convites e papelaria de eventos; além de artesanato, decoração, esculturas, scrapbook, origamis, colagens, materiais escolares e embalagens como caixas rígidas, sacolas, envelopes etc. “Nossos papéis são perfeitos também para imprimir e escrever. Há propriedades bem controladas de aspereza, umidade, absorção de água, permeância ao ar e pH. Possui alto nível de ancoragem da tinta e é versátil a todos os tipos de impressão e aplicação de qualquer técnica”, explica.

Dessa forma, a marca atende a um público amplo que engloba gráficas, artesãos, professores de educação artística, decoradores de festas, designers, artistas em geral, entre outros profissionais. De acordo com a gerente, as linhas de produtos já convertidos, que são os papéis coloridos no formato A4, pastas, blocos e cartolinas, lançadas recentemente, foram pensadas especialmente para as papelarias. Além da variedade de cores oferecida, a marca inovou e trouxe os papéis metálicos, produzidos no Brasil. “Oferecemos em formatos A4, 50X66 cm, que é o da cartolina, e a exclusividade do formato 30,5 x 30,5 cm, muito utilizado nas máquinas Silhouette”, esclarece. Além dos papéis coloridos, a fábrica produz papéis especiais voltados a indústrias e papéis de segurança, que incorporam elementos identificáveis para dificultar falsificações, com produção e distribuição controladas.

O fato do papel artístico Colorplus ser colorido na massa gera mais uniformidade e pureza da cor, devido ao uso de corantes de alta qualidade. “Eles são adicionados na fabricação do papel, diretamente no pulper (uma das etapas da produção do papel), e não por tingimento posterior”, comenta. Outro diferencial é que eles são livres de ácido, garantindo que os papéis não fiquem amarelados e, quando em contato com fotografias, não as tornem amarelas. De acordo com ela, os produtos possuem resistência a quebras e estrias devido às propriedades controladas de umidade e absorção de água.

Além disso, possuem rigorosos controles de qualidade, mantendo o padrão de cor, e não soltam ‘pó’ ao serem cortados. “São utilizadas matérias-primas adequadas e fibras selecionadas, de alta qualidade, na produção”, garante.

Produção com participação dos usuários

No ramo desde a década de 1990, a Filiperson, fabricante de papéis especiais, tem uma gama de produtos voltados a diversas técnicas, tanto profissionais, como amadoras e educativas. “A Filiperson investiu no desenvolvimento de uma linha de papéis que atendesse ao artista brasileiro, com qualidade artística e preços acessíveis”, explica o gerente comercial da marca, Daniel Grassiotto.

Uma curiosidade é que a produção dos papéis da marca contou, desde o início, com a participação ativa de artistas convidados em diversas etapas. Segundo Daniel, eles especificavam os papéis e, após a Filiperson construí-los, testavam e davam seus pareceres. Depois, outro lote era produzido e testado novamente. E o procedimento seguiu até o lançamento de cada um desses papéis. “Ainda hoje, a Filiperson mantém essas parcerias e colhe feedback dos artistas a cada lote produzido, assegurando que a qualidade se mantenha. Podemos dizer que esses são papéis construídos ‘a muitas mãos’”, comenta.

Hoje, de acordo Daniel, a linha de papéis para artes da marca é composta por cinco tipos. O Filiart Renaud Artístico, que é indicado para técnicas secas como grafite e crayon, e também para as úmidas leves, como nanquim, tinta a óleo, tinta acrílica, entre outras. O Filiart Renaud Profissional, que possui 30% de algodão, também é recomendado para técnicas secas e úmidas leves. O Filiart Renaud Aquarela, por sua vez, é direcionado para técnicas úmidas como aquarela, lápis aquarelável, tinta acrílica, guache, tinta a óleo, canetas hidrocores, entre outras. “A linha de produtos foi pensada pela Filiperson para realmente democratizar o acesso aos materiais artísticos pelos artistas brasileiros”, declara.

Tradição alemã

A empresa Hahnemühle, tradicional no segmento de papéis desde 1584, é representada no Brasil, há cinco anos, pela Artistik. De acordo com sua sócia-diretora, Erica Rosin, o portfólio da Hahnemühle é amplo, com opções para todas as técnicas artísticas, como aquarela, grafite, nanquim, óleo, acrílica, carvão, pastel, giz, marcadores e guache. Há variedade no tamanho, que vai desde blocos a rolos, e também nas gramaturas e texturas, visando atender a preferência de cada artista.

“Toda a linha Hahnemühle é vegana, livre de ácidos e resistente ao envelhecimento”, explica, ressaltando que a marca oferece produtos que atendem desde o público que busca uma opção mais acessível até o que deseja um papel mais elaborado, com fibras mais nobres, gramaturas mais altas e tamanhos maiores. “Temos muito orgulho de encontrar nossos produtos tanto em bancadas de escolas de arte e ateliês quanto em museus e galerias de arte, exibindo produções de alto nível”, relata.

Entre os destaques de vendas estão os papéis de fibras naturais da família Natural Line, recém-lançados pela marca. “Trata-se de uma linha cuja produção é ecológica, sustentável, totalmente alinhada às tendências de mercado atuais e à consciência ambiental da Hahnemühle, da qual a marca tanto se orgulha”, ressalta.

O potencial dos papéis artísticos

Na Filiperson, segundo Daniel Grassiotto, uma parcela significativa das vendas desses produtos é destinada às papelarias. E o resultado tem sido positivo e promissor. “Aquelas lojas que incluíram os papéis artísticos em suas gôndolas viram as vendas, rapidamente, crescerem. E, a partir disso, passaram a apostar em outros itens destinados ao mercado artístico em suas compras, tais como tintas, aquarelas, pincéis, lápis profissionais, telas etc”, comenta.

Ele explica que, quando o artista encontra o material em uma determinada loja, a tendência é que ele passe a abastecer-se diretamente ali “Esses produtos têm valor agregado interessante e ajudam a elevar o ticket médio. As embalagens desses produtos foram planejadas em unidades de venda de poucos blocos, possibilitando às papelarias trabalharem com a linha completa de produtos sem impactar no fluxo de caixa”, avalia.

Para Erica, da Artistik, é essencial que os comerciantes entendam a preferência do consumidor e o que ele busca como resultado em suas produções. “Papéis mais versáteis, com melhores relações de custo-benefício, giram mais rápido, claro. Mas os papéis artísticos, nos tamanhos e gramaturas maiores ou matérias-primas nobres, por exemplo, diferenciam a revenda, têm menor concorrência e, consequentemente, contribuem com o aumento do ticket médio, margem e rentabilidade da papelaria”, enaltece.

Novos hábitos, novas vendas, diferentes públicos

“Temos muito orgulho de encontrar nossos produtos tanto em bancadas de escolas de arte e ateliês quanto em museus e galerias de arte, exibindo produções de alto nível”

Erica Rosin, Artistik

Diante do atual cenário mundial de distanciamento social, devido à pandemia da Covid-19, muitas pessoas buscaram, e ainda buscam, atividades que aliviem a ansiedade e o estresse causados pelas incertezas do período. Em 2020, grande parte da população precisou ficar em casa durante alguns meses, aumentando a busca por diferentes atividades de entretenimento. Esse novo comportamento fez com que a demanda por papéis artísticos aumentasse, ocasionando, em um primeiro momento, rupturas nos estoques dos fabricantes. Isso porque grande parte da indústria também foi afetada pela crise pandêmica.

“Essa combinação de crescimento virtuoso no consumo com redução da oferta criou, pontualmente, situações de carência, mas as indústrias conseguiram reagir e os consumidores foram atendidos. O melhor dessa história é que boa parte desses ‘novos’ consumidores adotou a arte manual como atividade importante de suas vidas e, assim, os volumes de vendas desses produtos continuam crescendo”, avalia Daniel Grassiotto, da Filiperson.

Danielle Mello, da Fedrigoni, acredita que, devido à pandemia da Covid-19 e à situação econômica do país, muitas pessoas buscaram uma renda alternativa desde o ano passado. E por isso, o artesanato ficou em evidência. “O que era hobby passou a ter cada vez mais relevância, tornando-se uma renda complementar importante para a família. O papel colorido é muito versátil e, por isso, atende às mais diferentes demandas, que vêm crescendo ano a ano”, enaltece.