O novo sistema Pix já contém mais de 50 milhões de chaves cadastradas
No Brasil, 61% dos brasileiros com smartphones dos grupos sociais A, B e C utilizam as carteiras digitais para pagamentos no dia a dia, como mostrou a Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC). A pesquisa também indica que 47% dos consumidores do país utilizam da tecnologia por proporcionar praticidade, sendo assim o principal fator que os estimula a realizar pagamentos mobile. Já 53%, considera que os principais benefícios são a possibilidade de fazer transações imediatas e a confirmação instantânea. Analisando esses dados, o Banco Central do Brasil criou um sistema de pagamento instantâneo, o Pix, que apoia a nova tendência de carteiras digitais e possibilita a transação entre bancos para qualquer conta (conta corrente, conta poupança ou conta de pagamento pré-paga) em segundos, a qualquer hora, sem taxas para pessoas físicas. Isso significa que não será mais preciso ter dinheiro em mãos para fazer pagamentos, usar máquinas de cartões ou pagar taxas de bandeiras e transações para bancos diferentes.
Segundo Rafael de Tarso, professor e especialista em inovação e tecnologia digital, o sistema funciona dentro dos aplicativos de bancos já existentes, como Banco do Brasil, Itaú, Bradesco, PicPay, Paypal, entre outros. Para utilizar, o usuário precisa já ter uma conta no banco de escolha e criar uma “chave Pix” para fazer a transação. Essa pode ser um e-mail, nome, telefone, cpf ou cnpj, que indica para quem ou de quem o dinheiro está transitando. Cada usuário pode ter até cinco chaves. Antes, os bancos faziam as transações por meio de transferências simples para a mesma instituição, TED ou DOC para bancos diferentes, cobrando uma taxa que chegava a ser cerca de R$10.
Agora, por meio dessa chave, será possível pagar ou ser pago por qualquer banco, a qualquer hora, sem taxa significativa, o que proporcionará que o dinheiro caia na conta do receptor em até 10 segundos. “A proposta é simplificar. Vamos pensar na seguinte situação: eu vou a uma papelaria,não trouxe dinheiro e esqueci minha carteira em casa. Então, na hora de pagar, eu posso abrir meu celular e por meio das ferramentas do aplicativo do meu banco de escolha, eu consigo transferir o valor para a loja no mesmo momento, como um débito de conta para conta sem taxa ou com uma taxa imperceptível”, explica Rafael. Além disso, vale reforçar que esse serviço só vale como se fosse débito ou dinheiro, o Banco Central ainda estuda a possibilidade de liberar crédito e parcelas. Além disso, o Pix também pode ser utilizado em transações via marketplace ou e-commerce usando a chave Pix, QR Codes ou tecnologias que permitem a troca de informações por aproximação.
Pesquisa da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo indica que 47% dos consumidores do país utilizam da tecnologia por proporcionar praticidade como estímulo para realizar pagamentos mobile e 53%, considera que o principal benefício do Pix é a possibilidade de fazer transações imediatas.
Vantagens para o varejista
Normalmente, quando o cliente faz um pagamento no cartão, a loja é obrigada a pagar uma taxa para a marca da maquininha em torno de 5% do valor. Ou então, quando o cliente paga em dinheiro é necessário ter troco na loja. Porém, a ideia do Pix é que essas trocas e transações não precisem dos intermediários que cobram taxas expressivas ou que o próprio lojista tenha que manter dinheiro em caixa. O especial do Pix é a velocidade e praticidade de fazer qualquer pagamento. “Ele garante que o vendedor terá o dinheiro na conta e isso gera liquidez – que é ter o recurso em caixa, além de um desenvolvimento maior do negócio. Com esse dinheiro garantido, é possível então fazer uma negociação com os fornecedores. Isso dá um reforço na dinâmica do seu negócio e elimina processos, além de ser infinitamente mais rápido e prático. Já existe uma grande adesão nesse mercado de bancos tecnológicos, então você garante uma compra imediata. Para uma empresa, é você reduzir risco, aumentar a agilidade e ganhar poder de negociação pelo fato de poder ter recursos em caixa”, conta Ricardo Macedo, economista com pós-graduação em Administração Financeira (FGV), mestre em Economia e coordenador e professor do curso de Ciências Econômicas do IBMEC-RJ.
O Pix tem a intenção de não cobrar taxa em suas transações, mas alguns bancos podem cobrar taxas mínimas de, por exemplo, R$ 0,01 para cada dez transações, enquanto cada TED custa R$ 0,07, segundo o BC. “Quando um cliente faz uma compra no cartão de crédito ou débito é pago uma tarifa de serviço da máquina e pela bandeira. É um valor até alto pelo serviço prestado. A mesma coisa vale pelo Pix: os bancos podem cobrar pelos serviços oferecidos, mas mesmo assim vai ser bem mais barato do que as maquininhas e os outros métodos de transação. A modernização está tornando tudo cada vez mais tecnológico, então é uma tendência”, explica Macedo.
Cibersegurança
Um medo frequente em adesão de carteiras digitais é a segurança de dados. As transações Pix podem trazer praticidade no dia a dia, mas, para aqueles que não são acostumados com bancos online ou aplicativos de pagamento, pode trazer dúvidas quanto a possibilidade de hackers terem acesso à conta ou diversos outros fatores comuns. O economista diz: “Ele acaba tendo uma tecnologia parecida com as criptomoedas. Mas, de qualquer forma, até ocorrer uma adesão, você precisa analisar os riscos e pensar no que acontece se alguma falha ocorrer, o que seria responsabilidade do banco. A instituição deve oferecer segurança e todas as informações sobre arquivação de dados dos clientes”, finaliza.
Papelarias e a adesão ao Pix
De acordo com a pesquisa que fizemos no nosso perfil do Instagram, @revistadapapelaria, 41% das papelarias já fizeram sua chave Pix e estão aguardando a liberação do novo sistema. Outras 59% disseram ainda não terem feito ou não saberem o suficiente sobre. Ana Daryma, da Art Pel Papelaria, conta que acha uma ideia ótima aderir ao sistema para o dia a dia da loja. “A facilidade de receber no mesmo dia é ótima. E é só digitar a senha da chave e pronto, né? A pessoa não precisa preencher mais nada. Tudo isso vem para agregar. Tenho certeza que vai ser muito, muito legal. A gente ainda paga uma taxinha mínima, mas muito melhor você vender e receber na mesma hora, sem taxa, e não mais depender dessas transações de bancos com taxas absurdas”, relata a empresária.