Marcas utilizam as redes sociais para divulgar e comercializar produtos exclusivos
No Brasil, 10 milhões de famílias sobrevivem graças à venda de produtos artesanais, de acordo com dados do IBGE, que constatou também que o setor de produtos feitos à mão movimenta cerca de 50 bilhões de reais por ano no país.
Antes restritos às vendas em feirinhas locais, com o crescimento das redes sociais nos últimos anos, a papelaria artesanal também alçou “voos maiores”. São diversos produtos feitos a partir da encadernação manual, a maioria deles focados em ajudar na organização e no incentivo aos processos criativos e estudos.
“Acredito que a papelaria artesanal se refere a quando produzimos os itens em casa, com encadernadora, mas de forma bem manual. Normalmente produtos artesanais possuem maior qualidade, pois verificamos cada peça produzida”, afirma Maria Fernanda Lopes, empresária responsável pela marca Conceito 42, de Cascavel (PR), que trabalha com diversos modelos de bloquinhos de tarefas, cadernos e planners.
Justamente pelo trabalho estritamente manual, a atenção aos mínimos detalhes e a certeza de que cada produto é único são características que podem definir bem o conceito da papelaria artesanal.
“O que caracteriza a papelaria artesanal é ter o processo de produção feito por pessoas com trabalhos manuais. Em geral, por ter uma produção em menor escala, é tudo feito com muita dedicação, atenção aos detalhes e exclusividade”, conta Mylena Borzatto Lima, responsável pela Mbô, de Maringá (PR), cujo foco são os cadernos, mas também produz planners e álbuns.
Empresa de uma pessoa só… ou não
Da ideia de um produto até a embalagem para envio aos clientes, tudo é pensado nos mínimos detalhes por quem se dedica à produção artesanal. No entanto, por mais que as etapas de criação, produção, divulgação e atendimento ao cliente possam estar concentradas nas idealizadoras, isso não quer dizer que seja uma empresa de uma pessoa só.
“A Mbô foi criada e é gerida por mim e atualmente tenho a Isa, que me ajuda na produção. Eu tenho apoio de muita gente, então é difícil considerar que ela é uma empresa de uma pessoa só”, esclarece Mylena.
Na Conceito 42, Maria Fernanda também conta com colaboradores para setores específicos. “Atualmente tenho uma colega que faz os posts para o Instagram, uma editora de vídeos para o Youtube e um gestor de tráfego pago”, detalha.
Produção por demanda
Como uma das características dos produtos de papelaria artesanal é o cuidado com cada detalhe e a exclusividade, trabalhar com estoques se torna uma prática difícil, por isso algumas marcas optam por produzir sob demanda.
“Na maioria das vezes deixo estoque pronto para acelerar os envios, mas em épocas de muitos pedidos, o estoque acaba e vamos produzindo conforme a demanda”, afirma Maria Fernanda.
Já na Mbô, a personalização impede a produção em escala. “Nós não temos estoque justamente por fazermos a personalização com nome nas capas dos produtos. Tudo é feito sob demanda por aqui, então quando uma pessoa pede um caderno, ele foi feito exclusivamente para ela”, explica a empresária.
Redes sociais
A possibilidade de apresentar todos os produtos com detalhes, em fotos e vídeos, e também realizar vendas diretamente ou com link para o site faz com que as redes sociais sejam um canal fundamental para as marcas de papelaria artesanal. “As redes sociais têm uma importância enorme! Sem elas eu nem consigo imaginar como faria as vendas do meu trabalho, pois não possuo ponto de venda físico”, avalia Maria Fernanda.
Além disso, o Instagram permite uma conexão direta com o público, que pode conhecer melhor os rostos por trás das marcas, estabelecendo uma relação de consumo mais humana. “No Instagram é onde nos aproximamos dos nossos clientes, é onde conhecemos as carinhas, trocamos informações e divulgamos nossos produtos.”, ressalta Mylena.
Parcerias com papelarias
Além das vendas pelo site e redes sociais, as marcas de papelaria artesanal também costumam realizar parcerias com lojas para a revenda dos seus produtos. Essa alternativa é vantajosa para os dois lados: para as marcas porque é uma forma direta de alcançar novos clientes, e para os lojistas por serem produtos exclusivos, que não poderão ser encontrados nos concorrentes.
“Atualmente trabalhamos com duas lojas aqui em Maringá que revendem nossos produtos, mas queremos começar a vender fora da cidade também. Alô, papelarias!”, brinca a criadora da Mbô.
Produtos sob medida
A auditora de tecnologia da informação Hanalu Mariano, de 37 anos, é uma das consumidoras que priorizam os produtos artesanais quando tem oportunidade. Um dos motivos dessa escolha é a exclusividade, além de ela considerar também que produtos feitos à mão são mais elegantes, principalmente em relação às estampas.
“Os produtos artesanais são especiais por serem únicos. Quem gosta muito de produtos de papelaria não quer só quantidade, mas exclusividade também. Além disso, é possível customizar, deixar exatamente do jeito que a gente imagina”, avalia Hanalu.
Para saber das novidades e conhecer novas marcas de papelaria artesanal, Hanalu utiliza as redes sociais. Assim, ela pode pesquisar e aproveitar uma das características dos produtos feitos manualmente que chamam mais a atenção: a customização.
“Já comprei planner e cadernos, consegui pedir com meu nome e com o tipo de miolo que me atendia. Fico sabendo das novidades via redes sociais mesmo, normalmente um perfil acaba indicando outro”, conta.
Com a customização é possível escolher nomes, frases e estampas para a capa, além das características das folhas internas, como tipo de pauta, cor e gramatura.
